Henry prendeu a respiração, mal ousando se mover enquanto se agachava atrás da mesa da frente, com os olhos fixos no botão de alarme silencioso a poucos centímetros de distância. Os passos abafados dos assaltantes foram ficando mais fracos, mas ele sabia que eles voltariam a qualquer momento. Seus dedos se moveram para frente, pairando logo acima do botão. Tudo o que ele precisava era de um único toque e os reforços estariam a caminho.
No momento em que esticou a mão para clicar, seu cotovelo esbarrou em uma pilha solta de recibos na borda do balcão. Eles escorregaram, caindo no chão com um sussurro que parecia ensurdecedor na quietude. O coração de Henry se acelerou quando ele olhou para o corredor.
O barulho tinha sido suficiente – as cabeças dos ladrões se voltaram em sua direção, os olhos se estreitando com suspeita. “Ali!”, gritou um deles, com uma voz cheia de intenções repentinas e arrepiantes. Henry não teve tempo para pensar. Ele se levantou, a adrenalina inundando suas veias enquanto corria pelo corredor. Ele pretendia ficar escondido, mas agora era um alvo em movimento, e eles estavam vindo atrás dele.
O dia começou como um dia típico para Henry. Ele saiu de seu pequeno apartamento no início da tarde, passando por pontos de referência familiares enquanto se dirigia ao trabalho. As ruas eram barulhentas, com o som de carros buzinando, o ritmo das pessoas correndo pelas calçadas e o grito ocasional de um vendedor ambulante.
A casa de leilões se destacava do caos habitual da cidade, seu exterior grandioso exalava elegância e história, um marco distinto aninhado no movimentado coração da cidade. Henry sempre se orgulhou de seu papel como guarda noturno, encontrando uma satisfação tranquila em vigiar seus tesouros todas as noites.
Era tranquilo, o trabalho não era muito exigente e lhe dava a chance de admirar os artefatos de perto, mesmo que apenas por trás de um vidro. No entanto, nos últimos dias, algo o estava incomodando – uma sensação incômoda que ele não conseguia afastar.
Todas as manhãs, ele notava a mesma van preta estacionada do outro lado da rua, parcialmente escondida atrás de uma fileira de árvores. Não se tratava de um veículo de entrega, pelo que ele sabia, e ela nunca se movia durante seu turno.
Henry tentou se convencer de que não era nada, talvez apenas o carro de alguém deixado durante a noite. Mas, à medida que os dias passavam e a van permanecia no mesmo lugar, ele não conseguia ignorar uma sensação de inquietação. Além da estranheza, havia também um novo rosto que ele havia notado na casa de leilões.
Um homem, bem vestido em um terno sob medida, aparecia todos os dias, aparentemente para admirar os itens em exposição. A casa de leilões geralmente atraía um público rico, mas esse visitante parecia diferente. Henry tinha certeza de que o havia visto todos os dias daquela semana, passando horas perambulando pelos corredores, prestando atenção especial a determinados itens de alto valor.
Henry o havia notado pela primeira vez depois de quase esbarrar nele do lado de fora da sala de segurança, onde o homem havia se demorado um pouco demais, olhando para a porta como se estivesse pensando em algo. O estranho murmurou um vago pedido de desculpas e se afastou rapidamente, mas Henry não conseguia se livrar da sensação inquietante.
No dia seguinte, quando ele viu o homem andando pela seção de artefatos antigos da galeria com a mesma expressão de intenção, Henry ficou de guarda alta. Não era apenas o olhar do homem que se detinha em certos itens, mas a maneira como ele se movia, cauteloso, porém deliberado, com uma estranha mistura de distanciamento e interesse.
Ainda assim, Henry ignorou o fato, atribuindo-o à paranoia – afinal, pensar era seu vício. Talvez ele estivesse assistindo a muitos programas policiais, sua mente preenchendo lacunas onde não havia nenhuma. Balançando a cabeça, ele se forçou a deixar isso de lado e entrou no prédio para começar sua ronda.
Com o passar do dia, a casa de leilões se preparou para o grande evento da noite. Peças de arte valiosas, artefatos antigos e joias raras enchiam o salão de exposição. A atmosfera fervilhava com a empolgação dos compradores em potencial que inspecionavam os tesouros que esperavam arrematar.
Henry se manteve ocupado, cumprimentando alguns rostos conhecidos, mas sempre de olho no estranho que estava frequentando o local. Por fim, o dia chegou ao fim e as portas foram trancadas, deixando Henry para proteger o prédio durante a noite.
Parte dele se perguntava se estava simplesmente imaginando coisas, deixando que os nervos o dominassem. Afinal de contas, o dia havia transcorrido sem incidentes. Ele deixou de lado suas suspeitas e seguiu com sua rotina de verificar cada vitrine e trancar cada sala.
Assim que terminou e se preparou para iniciar o turno da noite, uma visão familiar chamou sua atenção do lado de fora – um caminhão de reboque afastando a van preta. Henry não pôde deixar de rir de si mesmo, percebendo o quanto havia se exaltado por nada.
Ele balançou a cabeça, repreendendo-se por sua imaginação hiperativa. E, como se viu, o homem misterioso de terno era simplesmente um licitante sério, um colecionador famoso por sua obsessão por antiguidades finas. Afinal, não era um ladrão, mas um cliente.
Com suas preocupações dissipadas e suas rondas concluídas, Henry decidiu se presentear. Do outro lado da rua, havia uma hamburgueria que ele raramente frequentava, reservando-a para o final de seus turnos de duas semanas. Sorrindo para si mesmo, ele foi até lá, sentindo-se quase bobo por toda aquela paranoia.
O dia tinha sido totalmente normal e todos os sinais apontavam para outra noite tranquila em sua rotina habitual e previsível. Era um prazer simples, mas pelo qual ele ansiava – um prazer depois de um longo dia de trabalho.
Ele pediu sua combinação favorita de hambúrguer e se sentou perto da janela, de onde podia ver a casa de leilões, que emitia um brilho fraco na noite. Ele tinha acabado de desembrulhar seu hambúrguer, o cheiro de carne quente e queijo derretido enchendo o ar.
No momento em que Henry estava prestes a cravar os dentes no hambúrguer, um barulho metálico cortou a noite tranquila. Ele fez uma pausa, com o hambúrguer suspenso no ar, seus sentidos agora em alerta máximo. Virando a cabeça, ele olhou para o portão da casa de leilões, que estava trancado com segurança, mas agora balançava levemente, como se alguém tivesse tentado – e não conseguido – forçá-lo a abrir.
Encarando isso como o vento, ele balançou a cabeça, repreendendo-se mentalmente por estar tão nervoso. Mas quando estava prestes a retomar a refeição, ouviu o barulho do portão novamente. “Ou está ventando muito lá fora ou algo está acontecendo”, disse a si mesmo.
A pulsação de Henry acelerou e ele piscou, olhando para o portão e se perguntando se não seria apenas ele sendo paranoico novamente. Respirando fundo, ele tentou se convencer de que não era nada sério. Mas quando estava prestes a se sentar novamente, viu uma figura encapuzada, saltando o portão com facilidade e desaparecendo nas sombras perto da entrada dos fundos do prédio.
Aquele certamente não era o vento. Henry colocou o hambúrguer no chão com cuidado, com o olhar fixo na casa de leilões escura. O prédio deveria estar vazio, com todos os objetos de valor trancados em segurança durante a noite. Quem quer que fossem esses intrusos, eles não tinham nada que estar aqui.
Quando se aproximou do portão, Henry esticou os ouvidos, na esperança de captar algum som que pudesse confirmar suas suspeitas. Mas a noite estava tranquila, exceto pelo zumbido distante do tráfego. A figura encapuzada havia desaparecido na escuridão ao redor do prédio, deixando apenas o silêncio em seu rastro. A mente de Henry se encheu de possibilidades.
Ele sabia que a coisa mais segura e lógica a fazer era pedir reforços. Com as mãos ligeiramente trêmulas, ele pegou o telefone e discou rapidamente para a central de polícia local. A linha clicou depois de alguns toques e ele deu um suspiro de alívio quando uma voz chegou do outro lado. “911, qual é a sua emergência?”
“Há um arrombamento acontecendo agora mesmo na casa de leilões”, disse Henry em um tom baixo e urgente, tentando não alertar os intrusos sobre sua presença do outro lado da rua. “Sou o guarda noturno daqui e avistei duas figuras dentro do perímetro. Preciso de ajuda imediata.”
A voz do operador permaneceu calma, mas as palavras que se seguiram fizeram o estômago de Henry afundar. “Temos uma emergência de incêndio a alguns quilômetros de distância que está usando a maioria de nossas unidades disponíveis. Receio que levaremos cerca de uma hora para enviar alguém até você. Você pode ficar em segurança e ficar de olho no local?”
Uma hora. Henry apertou o telefone com força ao perceber a realidade da situação. “Entendido”, respondeu ele, sentindo um nó de tensão se formar em seu peito. Ele olhou de volta para a casa de leilões, com as portas trancadas e os artefatos de valor inestimável agora vulneráveis.
Cada minuto que os intrusos passavam lá dentro poderia significar danos ou perdas para os objetos de valor pelos quais ele era responsável. Desligando o telefone, Henry respirou fundo e seus olhos se estreitaram ao examinar o prédio. Ele não gostava da ideia de entrar sozinho, mas também não podia se dar ao luxo de ficar esperando.
O tempo estava passando e ele tinha que acionar o alarme silencioso – ele trancaria as salas de alto valor e protegeria cada vitrine, ganhando momentos preciosos até que a ajuda chegasse. A pulsação de Henry batia forte quando ele se esgueirou pela esquina, aproximando-se da mesa da frente, onde o botão do alarme silencioso estava bem próximo.
Ele lutou contra a vontade de olhar para trás, sabendo que um único passo em falso poderia denunciá-lo. Os passos abafados dos assaltantes ecoavam do corredor atrás dele, aproximando-se cada vez mais à medida que voltavam ao caminho original.
Ele dobrou a última esquina e viu o balcão de madeira polida da recepção. O botão do alarme silencioso estava montado logo abaixo da borda do balcão, escondido da visão casual. Para alcançá-lo, seriam necessários apenas mais alguns passos, mas ele teria que se expor um pouco para chegar perto o suficiente.
Olhando ao redor, ele confirmou que os ladrões ainda estavam fora de vista. Seus dedos se esticaram para frente, a poucos centímetros do botão. De repente, um lampejo de luz apareceu no corredor – um dos ladrões havia ligado uma pequena lanterna, varrendo o feixe pelo corredor como se estivesse procurando a fonte do ruído que havia criado.
Henry se abaixou bem a tempo, com o coração acelerado. O brilho da lanterna passou sobre a escrivaninha da frente, lançando longas sombras que se estendiam pelo chão e por pouco não o atingiam. Henry prendeu a respiração, pressionando-se contra o balcão. Depois de alguns momentos de tensão, o feixe da lanterna se afastou.
Ele podia ouvi-los murmurando entre si em voz baixa. Um deles parecia frustrado, provavelmente suspeitando que o barulho não passava de um acidente ou de um gato de rua derrubando alguma coisa. Eles hesitaram por mais um momento, depois retomaram a aproximação cautelosa em direção à galeria.
Henry soltou um suspiro silencioso e, com uma última olhada por cima do ombro, apertou o botão do alarme silencioso embaixo do balcão. Um pequeno e satisfatório clique confirmou que o sinal foi enviado, acionando o bloqueio das salas de alto valor e selando cada vitrine.
Agora, ele só precisava deter os intrusos por tempo suficiente para que a polícia chegasse. Os ladrões não haviam notado as mudanças sutis – o zumbido silencioso dos mecanismos de travamento que protegiam as vitrines, as portas ocultas que se fechavam nas salas de alto valor. Mas um clique fraco e isolado ecoou de uma porta no final do corredor, chamando a atenção deles.
Eles fizeram uma pausa, trocando olhares cautelosos enquanto um deles murmurava: “Alguém está aqui. Eles sabem que estamos aqui” O outro balançou a cabeça, afastando o assunto. “Você provavelmente está apenas imaginando coisas. Não vimos ninguém quando entramos.” Ainda assim, uma pitada de desconforto permaneceu entre eles enquanto avançavam, agora em alerta.
Mas quando Henry deu um passo para trás, seu cotovelo acidentalmente cutucou uma pilha solta de recibos no balcão, fazendo com que os papéis escorregassem da borda e se espalhassem pelo chão. O leve farfalhar pareceu estrondoso na sala silenciosa.
Os olhos de Henry se arregalaram de horror quando ele olhou para trás, para o corredor; o som havia alertado os ladrões, e as cabeças deles se voltaram em sua direção, os olhos se estreitando com suspeita. “Ei! Quem está aí?”, gritou um deles, sua voz cortando a quietude.
Ele gesticulou para os outros, e os três ladrões saíram correndo pelo corredor em direção a Henry. A adrenalina o invadiu enquanto ele corria, seus passos ecoando pelo corredor. Dobrando uma esquina, ele se dirigiu para a escada que levava aos andares superiores, esperando usar a disposição labiríntica do prédio a seu favor.
Ele conhecia os corredores e as salas laterais como a palma de sua mão – se conseguisse manter distância, poderia evitá-los até que a ajuda chegasse. Atrás de si, ele ouviu passos apressados e vozes baixas e raivosas enquanto os ladrões o perseguiam.
Sua respiração ficou rápida, mas ele manteve o foco, correndo pelos corredores estreitos e se escondendo atrás das vitrines para evitar ser visto. Um vaso grande e ornamentado aparecia à frente, e ele se abaixou atrás dele, recuperando o fôlego enquanto ouvia a aproximação deles.
Os ladrões estavam ficando cada vez mais frustrados; ele podia ouvi-los xingar baixinho, com os passos pesados e sem rumo enquanto vasculhavam o chão à procura dele. Henry se permitiu um breve momento de esperança – talvez eles desistissem e tentassem fugir.
Talvez até voltassem para a saída dos fundos, percebendo que o prédio não estava tão vazio quanto pensavam. Mas, no momento em que Henry se permitiu respirar aliviado, seu telefone começou a tocar, com a música “Bye Bye Bye” do NSYNC ecoando pelo corredor – ele o havia deixado no bolso de trás, pronto para uma ligação, se necessário.
O som repentino quebrou a quietude, penetrando no silêncio tenso. Os ladrões se viraram, mirando em seu esconderijo. Henry mexeu no celular, tentando silenciá-lo, mas já era tarde demais. As figuras já haviam começado a se aproximar, com passos rápidos enquanto convergiam para sua posição.
Sem outra opção, Henry se levantou, segurando o telefone com força enquanto fugia para a escada. Ele atravessou as portas, subindo dois degraus de cada vez, com os passos batendo em seus ouvidos enquanto se esforçava para continuar.
Seu conhecimento do layout do prédio lhe deu uma pequena vantagem enquanto ele corria pelas salas e dobrava os cantos. Ele se escondeu em um armário, com o coração batendo forte, e prendeu a respiração, ouvindo os passos se aproximarem.
Henry se pressionou contra a parede, mal ousando respirar enquanto os intrusos se moviam pelo corredor, com suas vozes baixas, mas audíveis. “Espalhem-se! Ele não pode ter ido longe”, sibilou um deles, e os passos se separaram, seguindo em direções diferentes.
Henry exalou lentamente, a tensão em seu corpo era palpável. Ele precisava ficar um passo à frente deles e se manter escondido até a chegada da polícia. Com cuidado, ele se esgueirou pela parede, escapando do armário e entrando em outro cômodo. Ele se movia de sombra em sombra, sempre ouvindo o mais leve som da aproximação deles.
Henry pensou que havia se distanciado um pouco dos ladrões quando, de repente, uma mão agarrou seu ombro, fazendo-o se virar. Um dos intrusos estava ali, mascarado e furioso, com os olhos estreitados.
Henry reagiu sem hesitar, soltando-se e dando um forte empurrão no homem. O ladrão cambaleou para trás, perdendo momentaneamente o equilíbrio. Aproveitando a chance, Henry correu pelo corredor, com os passos batendo no ritmo do coração.
Enquanto corria, Henry podia ouvir os gritos dos assaltantes logo atrás, seus passos pesados ecoando pelo corredor escuro. Mas ele tinha uma vantagem – eles não estavam familiarizados com o layout do prédio, enquanto ele o conhecia como a palma de sua mão.
Driblando os cantos, ele se moveu rapidamente pelo labirinto de vitrines e salas de armazenamento, usando todos os cantos e recantos ocultos a seu favor. Ele esperava que seu conhecimento do prédio lhe desse tempo suficiente até que a ajuda chegasse.
Finalmente, Henry dobrou a última esquina que levava à saída, com a adrenalina aumentando ao avistar a porta. Mas, assim que se aproximou dela, outra figura mascarada entrou em seu caminho, bloqueando sua passagem. Uma faca brilhava na mão do homem, captando o brilho fraco das luzes de emergência.
O intruso fez uma careta, apertando a arma com mais força. “Vai a algum lugar?”, provocou ele, aproximando-se cada vez mais. O pulso de Henry se acelerou enquanto ele avaliava suas opções, sabendo que estava em desvantagem contra a faca. Seu olhar se voltou para a janela, onde viu o leve reflexo de luzes vermelhas e azuis piscando – a polícia havia chegado. Se ele conseguisse chegar até a porta.
Com uma súbita explosão de velocidade, Henry se virou e correu pelo corredor, seus passos ecoando nas paredes. Mas antes que pudesse ganhar muito terreno, sentiu um forte impacto por trás, quando um dos assaltantes o agarrou, fazendo-o se esparramar no chão. O peso de seu perseguidor o prendeu no chão e ele se debateu, mas o aperto em seus braços era inflexível.
O primeiro intruso o alcançou, com uma expressão que misturava irritação e diversão, enquanto trocava uma rápida olhada com seu parceiro. Ambos tinham visto as luzes piscando, mas não estavam dispostos a deixar seu prêmio – ou Henry – ir embora sem lutar.
“Barriquem a porta”, ele gritou. O segundo homem correu em direção à porta, enquanto o primeiro mantinha Henry imobilizado, com seu hálito quente e ameaçador no ouvido de Henry. “Não tão rápido”, ele sussurrou. Com um movimento rápido, ele amarrou um laço de zíper nos pulsos de Henry, apertando-o com um puxão forte.
Os ladrões arrastaram Henry para a sala de itens de alto valor, empurrando-o para frente enquanto exigiam que ele destrancasse a porta. Com uma pressão relutante de sua mão no scanner biométrico, ele ouviu o clique da porta se abrindo, fechando seu acesso à sala – e prendendo-o com os intrusos.
Eles mal olharam para ele enquanto se espalhavam pela sala, com os olhos brilhando ao examinar os artefatos de valor inestimável. O pulso de Henry batia forte e seus olhos procuravam freneticamente por algo afiado. Seu olhar pousou na borda de um expositor de metal. Era arriscado, mas talvez funcionasse.
Ele se posicionou de costas para o suporte, movendo-se lentamente, tentando não chamar a atenção. Com a respiração trêmula, ele pressionou o zíper contra a borda afiada e começou a serrar, cada movimento lento e agonizante.
O suor escorria pelo seu rosto enquanto ele lutava para se manter firme, o plástico mordendo seus pulsos a cada golpe. Qualquer barulho poderia atrair os olhos deles para ele, mas ele não conseguia parar. Mais alguns puxões, disse a si mesmo, rezando para que aguentasse só mais um pouco.
Finalmente, com um leve estalo, o zíper se rompeu, suas mãos finalmente ficaram livres. Com o coração acelerado, ele se arrastou em direção à porta, mantendo-se abaixado, cada passo calculado e silencioso. Assim que seus dedos tocaram a maçaneta, uma voz vinda do outro lado da sala o congelou no lugar.
“Ei! Precisamos que você abra essas caixas!” Ele olhou para trás e viu um dos assaltantes perceber o que ele estava fazendo. A fúria brilhou em suas expressões e, sem pensar duas vezes, Henry abriu a porta e saiu correndo, com os gritos dos ladrões ecoando enquanto eles corriam atrás dele, mais uma vez em seu encalço.
Henry fugiu, com o coração acelerado ao ouvir os passos deles trovejando atrás dele. Ele se esgueirou por uma esquina, usando seu conhecimento do layout do prédio para mantê-los afastados. Finalmente, Henry alcançou a porta com grades, seus olhos se fixaram no cano de metal que os ladrões haviam enfiado nela para impedir sua fuga.
Ele agarrou o aço frio, com os músculos tensos, enquanto levantava a barra e a jogava para o lado. Com um último impulso de força, ele abriu a porta e saiu cambaleando, apenas para ser recebido por luzes vermelhas e azuis ofuscantes e os gritos inconfundíveis dos policiais.
“Parado! Mãos para o alto!”, ordenou uma voz. As mãos de Henry se ergueram, seu coração disparou, mas antes que ele pudesse falar, um dos policiais se aproximou, reconhecendo-o. “Espere! É o guarda noturno!”, disse o policial, puxando Henry para um lugar seguro.
Henry cedeu de alívio quando o policial o guiou para o lado, para fora das luzes fortes da porta. Assim que Henry recuperou o fôlego, ouviu passos apressados atrás dele. Ele se virou a tempo de ver os ladrões saindo pela porta aberta, desesperados para fugir.
Mas eles se depararam com uma parede de policiais, com armas levantadas e ordens gritadas. Os ladrões ficaram paralisados, com os rostos pálidos ao perceberem que sua rota de fuga havia desaparecido. Os policiais avançaram rapidamente, algemando cada invasor e protegendo a cena. Henry observava, com um sorriso cansado nos lábios, enquanto os ladrões eram levados algemados.
Um dos policiais lhe fez um aceno de respeito. “Você se saiu bem esta noite, mantendo as coisas estáveis até chegarmos aqui.” Henry fez um aceno de agradecimento, ainda recuperando o fôlego. A casa de leilões e seus tesouros estavam a salvo, graças ao seu raciocínio rápido e à rápida chegada da polícia.
Enquanto os policiais levavam os ladrões algemados, Henry se permitiu um momento de alívio, olhando para o prédio que, graças a ele, estava seguro mais uma vez. “Você se comportou bem lá dentro”, disse outro policial, fazendo um leve aceno de cabeça. “Recebemos o alarme silencioso e viemos o mais rápido que pudemos.”
Henry deu um sorriso cansado, acenando com a cabeça em sinal de gratidão. “Obrigado. Eu não tinha certeza de quanto tempo mais poderia mantê-los ocupados.” O policial deu uma risada, olhando para os ladrões presos. “Parece que eles subestimaram o guarda noturno.”
Enquanto a polícia concluía a investigação, Henry se viu sozinho do lado de fora da casa de leilões, com a adrenalina se esvaindo lentamente de seu sistema. Ele olhou para o prédio, sentindo uma mistura de orgulho e alívio.
A casa de leilões estava segura, com seus tesouros protegidos graças ao seu raciocínio rápido. À medida que a adrenalina se dissipava, o estômago de Henry roncava, lembrando-o do hambúrguer que ele havia deixado para trás em sua pressa de proteger o local. A ideia daquela refeição – provavelmente fria e encharcada a essa altura – trouxe um sorriso ao seu rosto, fazendo com que ele se sentisse no conforto familiar de sua rotina.
Atravessando a rua, ele entrou no brilho quente da lanchonete. O zumbido de uma conversa tranquila e o aroma de batatas fritas e carne grelhada o envolveram como um velho amigo. Ao ver o hambúrguer abandonado ainda esperando em sua mesa, Henry deu uma risada, percebendo o absurdo de sua noite.
Ele imaginou como deve ter ficado, correndo no meio da mordida como se tivesse se transformado em um improvável herói de ação. Deslizando em seu assento, ele pegou o hambúrguer, saboreando a tão esperada mordida da vitória. Enquanto mastigava, deu uma olhada pela janela, seu olhar voltando para a silhueta silenciosa da casa de leilões.
A casa de leilões voltaria à sua rotina tranquila amanhã, com os artefatos intocados atrás do vidro. Mas, de alguma forma, Henry sabia que ficaria mais atento, talvez até verificando o perímetro mais algumas vezes a cada turno. O trabalho poderia parecer rotineiro antes, mas esta noite havia mudado as coisas.
Dando outra mordida, ele deixou o pensamento se acalmar, uma pitada de orgulho o aquecendo enquanto saboreava sua pequena vitória. Na manhã seguinte, quando Henry estava terminando seu turno, o gerente chegou mais cedo, tendo sido notificado do alarme silencioso. Seus olhos se arregalaram ao ver a cena: a fita da polícia, os policiais que permaneciam no local e, é claro, Henry com uma aparência um pouco pior, mas de cabeça erguida.
“Henry, ouvi o que você fez ontem à noite”, disse seu chefe, batendo a mão em seu ombro. “Você foi muito além – você salvou o lugar. Não tenho palavras para lhe agradecer” Henry deu um sorriso cansado, dando de ombros para o elogio com modéstia. “Só estou fazendo meu trabalho.”
Mas ao sair para casa, Henry sabia que aquele não era apenas mais um turno. A noite poderia ter sido caótica, mas a sensação de realização era algo que ele levaria consigo, um lembrete de que, às vezes, até mesmo as rotinas mais tranquilas poderiam conter um momento de heroísmo.