Stephanie lançou um olhar de repulsa para Karen, esparramada na mesa oito, conversando em voz alta com o namorado pelo FaceTiming, com sua voz ecoando pela lanchonete. Ela não se importava com o caos que sua família estava causando ao seu redor. Essa não era a despedida que Stephanie havia imaginado depois de seis anos leais servindo aqui.
Perto dali, uma mulher mais velha finalmente se inclinou, com sua paciência visivelmente esgotada. “Desculpe-me, moça, poderia baixar o tom de voz? Estamos tentando desfrutar de uma refeição aqui” Karen fez uma careta, virando o celular para a mulher. “Ei, querida, olhe para esse velho”, ela riu, apontando a câmera. “Cuide da sua vida, vovó!”
Os punhos de Stephanie se fecharam quando o rosto da mulher mais velha se iluminou e ela ficou visivelmente abalada com a resposta rude. A falta de respeito de Karen era irritante, sua voz enchia a lanchonete enquanto ela retomava a conversa em voz alta, alheia a todos os outros. Stephanie respirou fundo, com a mandíbula apertada. Karen já estava esperando por uma vingança.
Stephanie limpou as mesas, saboreando o silêncio da tarde na lanchonete que ela chamava de lar há seis anos. Hoje era seu último dia. Depois de anos de trabalho duro, ela finalmente havia economizado dinheiro suficiente para realizar seus sonhos – um pequeno passo, com uma carta de aceitação de uma faculdade comunitária na cidade grande.
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Vinda de uma família modesta, a faculdade não tinha sido uma opção após o ensino médio. Em vez disso, ela aceitou esse emprego, economizando cada centavo com disciplina e paciência. Agora, aos vinte e seis anos, seu sonho estava ao alcance, sua passagem para fora desta pequena cidade finalmente em mãos.
Sair, porém, era agridoce. Essa lanchonete não era apenas um emprego; era um lar. Os pisos rangentes, os clientes habituais e seus colegas de trabalho haviam se tornado uma família. Seis anos em um lugar podem fazer isso, mesmo em uma lanchonete que a maioria das pessoas considerava nada mais do que uma parada rápida.
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Enquanto ela limpava outra mesa, um chiado alto quebrou o silêncio do lado de fora. Ela olhou para cima e viu um ônibus estacionado no meio-fio, com as portas se abrindo para liberar uma multidão de passageiros visivelmente frustrados. A tensão em seus rostos era evidente mesmo do lado de dentro.
Greg, o dono da lanchonete, percebeu o tumulto e saiu para investigar. Stephanie observou enquanto ele falava com o motorista do ônibus, que parecia estressado e se desculpava, gesticulando para os passageiros irritados que se aglomeravam na calçada, visivelmente aborrecidos.
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“Problemas no motor”, explicou o motorista a Greg com um encolher de ombros impotente. “Os mecânicos estão a caminho, mas vai demorar um pouco. Podemos esperar aqui?” Ele olhou para o grupo, que não parecia muito animado com a perspectiva de esperar em uma lanchonete no meio do nada.
Greg hesitou, mas a hospitalidade corria em suas veias. Com um suspiro, ele acenou com a cabeça, fazendo um gesto para que entrassem. A multidão entrou com relutância, trazendo uma onda de frustração e impaciência que parecia sugar a calma da lanchonete.
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Stephanie e seus colegas servidores trocaram um olhar, entrando imediatamente em modo de ação. Elas sabiam que esse não seria um público fácil – esses passageiros estavam claramente cansados e descontentes.
À medida que os passageiros se acomodavam, Stephanie os direcionava para as mesas, oferecendo cardápios e água com uma paciência praticada. Ela sentiu a tensão que irradiava da multidão. Eles lançaram olhares críticos para a decoração modesta da lanchonete, já murmurando sobre a inconveniência do atraso inesperado.
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Do lado de fora, o tumulto do ônibus parecia ter se acalmado, mas a atmosfera na lanchonete ficou tensa à medida que os passageiros murmuravam reclamações. Stephanie sabia que eles teriam exigências em breve – ela praticamente podia sentir a irritação deles fervendo, apenas esperando para transbordar.
Stephanie se movia entre as mesas, calma, mas alerta. Ela podia sentir a mudança desafiadora que estava por vir, mas seis anos nesse negócio a haviam preparado para multidões como essas – não importava o quanto fossem irritadiças. No momento em que Stephanie estava colocando os cardápios em uma mesa, a porta se abriu com um forte estrondo.
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A porta se abriu com força e a mulher entrou. Os olhos de Stephanie se estreitaram; ela conseguia identificar os sinais reveladores de uma “Karen” a quilômetros de distância. A entrada barulhenta, o olhar de desdém, a desaprovação imediata com a sobrancelha arqueada – os seis anos de Stephanie aqui lhe diziam que ela era um problema.
A mulher entrou como se fosse a dona do lugar, com o nariz empinado, como se a decoração modesta da lanchonete estivesse abaixo dela. Falando alto em seu telefone, ela zombou: “Sim, eu lhe disse, querida, é apenas um lugar barato no meio do nada O estômago de Stephanie se revirou, mas ela manteve a calma.
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Seguindo atrás dela, seus dois filhos – um par de turbilhões desenfreados – entraram na lanchonete, gritando e dando cotoveladas uns nos outros, alheios ao desconforto que provocavam. A mãe não lhes dispensou um olhar, absorta demais em sua ligação, com o telefone encostado no ouvido enquanto dava uma olhada desdenhosa ao redor.
A mulher foi direto para uma cabine de canto na seção de Stephanie, jogou a bolsa no assento e se sentou com um suspiro dramático. Stephanie hesitou. Era seu último dia, e lidar com uma “Karen” não era exatamente parte da comemoração que ela havia imaginado. Mas, com um sorriso prático, ela se aproximou da mesa.
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“Olá, sejam bem-vindos. Eu sou Stephanie e serei…” “Giz de cera”, interrompeu Karen, sem nem mesmo se dar ao trabalho de olhar para cima. “Meus filhos já estão entediados. Você pode dar a eles algo para fazer ou eles terão que ficar aqui para sempre sem entretenimento?” Seu tom era agudo, cada palavra tinha um pequeno ferrão. Stephanie sentiu sua raiva explodir, mas a engoliu.
Ela voltou com os lápis de cor e viu os filhos de Karen começarem imediatamente a jogá-los sobre a mesa e a marcar a toalha. A mãe parecia não perceber – ou não se importar. Ela ainda estava ao telefone, reclamando da “atmosfera suja” em voz alta o suficiente para que os clientes próximos pudessem ouvir. A mandíbula de Stephanie se contraiu, mas ela não disse nada.
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Karen finalmente deu uma olhada no cardápio e seu rosto se contorceu de desgosto. “Que tipo de lugar é esse que não tem opções orgânicas?”, ela murmurou, olhando para Stephanie com uma careta. “Esse cardápio é patético. Sinceramente.” Stephanie sentiu uma pontada no peito, mas manteve o sorriso firme, oferecendo sugestões educadas.
Karen revirou os olhos. “É realmente tão difícil encontrar comida decente por aqui? Quero dizer, vocês têm alguma coisa que não seja… gordura em um prato?” Ela olhou para Stephanie de cima a baixo e acrescentou: “Não que você entenda” Stephanie apertou os dedos em seu bloco de anotações, com a garganta ardendo com as palavras que ela não conseguiu segurar.
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“Claro. Vou procurar algo mais leve”, Stephanie conseguiu, com a voz calma. Mas Karen simplesmente a dispensou, colocando o menu no chão com um barulho e voltando ao telefone. “Desculpe, querida, mas essa garota não tem a menor ideia do que está fazendo. Inacreditável!” A paciência de Stephanie vacilou, mas ela respirou devagar, determinada a não perder a calma.
As crianças tinham abandonado os lápis de cor e agora estavam subindo nos assentos da cabine, deixando marcas de mãos pegajosas na divisória de vidro. Karen olhou para elas, mas não pareceu preocupada. Em vez disso, ela fez um gesto impaciente para Stephanie, dizendo: “Onde estão nossas bebidas? Ou vou ter que esperar o dia todo?”
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Quando Stephanie voltou com as bebidas, Karen levantou seu copo como se estivesse inspecionando um experimento científico. “Isso está realmente limpo? Ou vocês simplesmente não se importam?” As palavras dela estavam cheias de desprezo, e o rosto de Stephanie ficou vermelho de calor. Ainda assim, ela manteve a voz firme, mordendo uma réplica.
Após alguns minutos de refeição, Karen chamou Stephanie novamente, apontando um dedo para o prato dela. “Isso está cozido?”, ela disse, com a voz alta o suficiente para virar cabeças. “Vocês simplesmente jogam coisas em uma grelha e chamam isso de comida? Sério, isso me daria Salmonella.” O estômago de Stephanie se revirou de raiva, mas ela forçou um aceno de cabeça educado.
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Ela deu uma olhada nos outros clientes, que estavam visivelmente desconfortáveis agora. Os filhos de Karen estavam correndo pela lanchonete, esbarrando nas cadeiras e batendo nas mesas sem se importar. Mas Karen permanecia alheia, mais concentrada em examinar o saleiro e pedir a Stephanie mais condimentos.
Com um sorriso apertado, Stephanie acenou com a cabeça e disse: “Vou pedir para a cozinha refazer o prato para você” Mas quando ela se virou para ir embora, Karen acrescentou: “Sinceramente, talvez eles devessem contratar pessoas que realmente saibam o que estão fazendo. Ou isso é pedir demais em um lugar como este?” Stephanie segurou a bandeja com mais força.
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Stephanie colocou o prato recém-feito no chão, apenas para que Karen o olhasse com uma careta. “Você é inteligente o suficiente para saber o que significa cozido?” Karen zombou, com o tom carregado de desprezo. “Ou isso é pedir demais de uma garçonete de cidade pequena?” O insulto foi duro, desgastando os últimos resquícios de paciência de Stephanie.
Cada golpe corroeu a determinação de Stephanie, fazendo-a sentir-se crua e pequena. Ela disse a si mesma que já havia lidado com clientes exigentes antes, mas hoje, em seu último dia, a dor foi mais forte. Com uma respiração lenta, ela se forçou a sorrir, engolindo o orgulho e a raiva.
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Stephanie acenou educadamente com a cabeça, dizendo a si mesma que não deixaria Karen arruinar seu dia. Ela havia sobrevivido a seis anos nesse emprego; certamente poderia suportar um último turno. No entanto, os insultos permaneceram em sua mente, cortando mais fundo do que ela queria admitir. Hoje, as palavras de Karen pareciam especialmente cruéis.
Por trás de seu comportamento calmo, ela sentia sua paciência se esgotar e sua raiva ferver. Mas Stephanie manteve suas respostas suaves e profissionais, atendendo às constantes exigências de Karen, mesmo quando sua voz interior gritava. Seu último dia parecia um teste de resistência, cada comentário aumentava sua frustração.
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Karen ainda estava ao telefone, com sua risada ecoando pela lanchonete. “Você deveria ver este lugar, querida! A equipe não tem noção de nada, e essa pobre garçonete mal consegue fazer o básico!” A zombaria de Karen foi alta o suficiente para que toda a lanchonete ouvisse. A mandíbula de Stephanie se contraiu.
Os filhos de Karen, enquanto isso, estavam no modo caos total, correndo entre as mesas, batendo nas cadeiras e gritando. Karen nem sequer olhava para eles, ocupada demais reclamando em seu telefone. Seu esquecimento era como combustível para a raiva latente de Stephanie, mas ela se forçou a se concentrar, tentando não reagir.
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Enquanto Stephanie servia bebidas em uma mesa próxima, ela ouviu os passos das crianças vindo em sua direção. Antes que ela pudesse reagir, uma criança bateu em sua bandeja, fazendo com que as bebidas caíssem no chão e espirrassem por toda parte. Stephanie ficou ali, encharcada, com toda a lanchonete olhando em silêncio atônito.
A reação de Karen foi instantânea – e fria. Em vez de acalmar seus filhos, ela voltou sua fúria diretamente para Stephanie. “Você é cega?”, sibilou ela, estreitando os olhos. “Você acabou de molhar meus filhos! Qual é a dificuldade de servir bebidas adequadamente? Você ao menos sabe o que está fazendo?”
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Os punhos de Stephanie se fecharam, suas bochechas arderam de humilhação. Ela havia suportado os insultos de Karen, o caos, o desrespeito. Mas agora, ser culpada pela falta de controle de Karen sobre seus filhos? Essa foi a gota d’água. Ela engoliu a raiva, sentindo o último resquício de sua paciência se fragmentar.
Um nó se formou em sua garganta, a frustração se misturando com a vontade de explodir. Mas, em vez de se deixar abater, Stephanie respirou fundo. Ela murmurou um breve pedido de desculpas, se desculpou e caminhou rapidamente para o banheiro, com os passos medidos, a mente girando com a raiva reprimida.
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No banheiro, Stephanie se viu no espelho, com o uniforme encharcado e o rosto corado. Por um momento, ela se permitiu sentir todo o peso das palavras depreciativas de Karen, a frustração, a dor da humilhação. Mas, por baixo disso, algo mais forte e mais nítido tomou forma.
Ela tirou o uniforme, deixando que sua raiva se transformasse em uma determinação de aço. Ela havia passado seis anos aqui, dedicando sua alma a esse trabalho, apenas para ter seu último dia quase arruinado por uma Karen arrogante. Já era o bastante. Ela não ia deixar essa mulher se safar.
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Stephanie endireitou o colarinho, com a expressão firme enquanto se olhava no espelho. Hoje era seu último dia e ela estava indo embora de acordo com suas próprias condições. Karen havia passado dos limites, e Stephanie não estava mais se fazendo de boazinha. Ela ia dar a Karen o gosto de seu próprio remédio.
Stephanie saiu do banheiro, com uma determinação renovada a cada passo que dava. Ela viu Karen na cabine, limpando agressivamente as roupas dos filhos, murmurando algo sobre a “incompetência da equipe do interior” Mas em poucos instantes, ela estava de volta ao FaceTime, sua risada estridente cortando o zumbido da lanchonete.
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Uma mulher mais velha na mesa ao lado, visivelmente cansada, inclinou-se e disse baixinho: “Desculpe-me, moça, poderia baixar o tom de voz? Estamos tentando desfrutar de uma refeição aqui” Karen lhe lançou um olhar de desdém. “Talvez seja melhor guardar seus ouvidos para você, vovó.”
Os punhos de Stephanie se fecharam enquanto ela observava a mulher mais velha se retirar, claramente magoada. A falta de respeito de Karen era irritante, sua voz ainda ecoava quando ela retomou a conversa. Stephanie respirou com firmeza, com a mandíbula apertada, e se virou para Greg, o gerente da lanchonete, que estava de pé atrás do balcão.
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greg”, sussurrou Stephanie, “vamos fazer uma conta detalhada para Karen”. Stephanie se inclinou e sussurrou algo no ouvido de Greg. Greg ergueu uma sobrancelha, mas um sorriso surgiu no canto de sua boca. Ele pegou seu bloco de notas e acenou com a cabeça em sinal de aprovação.
Depois de alguns minutos, ele lhe entregou a pesada conta, com cada taxa meticulosamente detalhada. Stephanie sentiu uma emoção de satisfação ao se aproximar da mesa de Karen, com os passos firmes e a expressão calma. Sem dizer uma palavra, ela bateu a conta na mesa em frente a Karen com um nítido “Aqui está a sua conta, senhora”
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A cabeça de Karen se levantou, seus olhos se estreitaram enquanto ela examinava a conta. Seu rosto se contorceu em descrença. “Você está falando sério?”, ela sibilou, praticamente vibrando de indignação. Stephanie lhe deu um sorriso educado e inflexível. “Precisamos que você resolva isso antes de fazer qualquer outro pedido”, respondeu ela com frieza.
“Isso é um roubo!” Karen cuspiu, acenando para que Greg se aproximasse. Greg se aproximou, com os braços cruzados, parecendo completamente inexpressivo. “Algo errado?”, perguntou ele, com um tom frio como gelo. Karen empurrou a conta para ele. “Essas cobranças são absurdas! Você não pode simplesmente adicionar taxas porque tem vontade!”
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O olhar de Greg permaneceu firme. “Na verdade, senhora, podemos cobrar por transtornos, vidros quebrados e personalizações. A senhora não poderia esperar perturbar este restaurante de graça.” Seu tom ficou mais agudo. “Sinta-se à vontade para se acomodar – ou, se preferir, pode esperar na estrada.”
O rosto de Karen vacilou, um lampejo de choque cruzando suas feições. Mas ela não estava disposta a deixar sua dignidade escapar tão facilmente. Ela sacou seu cartão e o jogou na mesa com um suspiro dramático. “Tudo bem. Apenas jogue-a e vamos acabar com essa farsa”, ela bufou, fazendo uma careta para Stephanie.
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Stephanie pegou o cartão e ficou com o coração apertado ao passá-lo no caixa. Ela viu a tela piscar em vermelho: Recusado. Reprimindo um sorriso, ela limpou a garganta. “Sinto muito, senhora, mas parece que seu cartão foi recusado” Sua voz soou, atraindo todos os olhares da sala.
O rosto de Karen ficou vermelho e ela pegou o cartão de volta, mexendo no celular. Ela olhou para Stephanie com um olhar que poderia derreter aço. “Só um momento”, ela disse, pressionando o telefone no ouvido. “Querida, você precisa transferir dinheiro – agora.”
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Ainda ao telefone, Karen saiu da lanchonete, deixando os clientes observando, perplexos. Do lado de fora, ela foi direto para o motorista do ônibus, que estava parado com cara de perplexo. “Isso é tudo culpa sua!” Karen gritou, agitando o celular. “Fui submetida a toda essa bagunça por sua causa!”
Lá dentro, os comensais trocavam olhares, alguns riam baixinho, outros levantavam suas xícaras de café em silenciosa solidariedade a Stephanie. Ela sentiu uma profunda satisfação em seu peito, sabendo que Karen estava finalmente saboreando uma fatia de torta de humildade. Ela ainda não havia terminado seu trabalho, mas esse era um bom começo.
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Pela janela, Stephanie observou a continuação do discurso de Karen, o rosto do motorista do ônibus era uma mistura de choque e exasperação. Os gestos de Karen eram selvagens, seu rosto estava corado, sua voz era audível mesmo dentro da lanchonete. Os lábios de Stephanie se curvaram em um sorriso pequeno e satisfeito, sabendo que a punição de Karen estava apenas começando.
Enquanto a voz mordaz de Karen soava do lado de fora, Stephanie se encostou no balcão, com a mente fervilhando de ideias. Ela pensou em colocar uma dose de laxante na refeição de Karen – uma reviravolta apropriada, ela pensou com um sorriso. Mas a ideia de os outros passageiros suportarem o colapso de Karen a fez se encolher. Muito cruel.
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Seu próximo pensamento foi o clássico truque de cuspir na comida, um método que parecia mesquinho e estranhamente satisfatório. Mas ela se repreendeu quase que imediatamente. Sério, Stephanie? pensou ela. Ela não ia deixar que Karen a arrastasse para esse nível. Ela poderia fazer melhor.
O olhar de Stephanie se voltou para Karen, que estava gesticulando loucamente, com a voz dela sendo levemente ouvida na lanchonete. Parte dela queria bater em Karen onde doía, para que ela sentisse o gosto da humilhação que ela tão livremente causava aos outros. Mas aquela voz interior a lembrou de tomar o caminho mais alto.
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Depois de mais alguns momentos de reflexão cuidadosa, os lábios de Stephanie se curvaram em um sorriso malicioso quando uma ideia se formou – um plano para dar a Karen uma lição há muito esperada sem descer ao nível dela. Ela não precisava sujar as mãos; Karen daria conta de tudo sozinha.
Com uma olhada casual ao redor, Stephanie posicionou o telefone discretamente ao lado de um vaso de flores em uma prateleira em frente à mesa de Karen. Ela o inclinou cuidadosamente, certificando-se de que a visão capturasse toda a cabine. Então, com um leve toque, ela iniciou uma transmissão ao vivo no Facebook, com a câmera focada e pronta.
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Ao voltar para suas tarefas, Stephanie sentiu uma emoção de antecipação. Ela não precisava dizer uma palavra ou agir fora do personagem. O próprio comportamento de Karen seria sua ruína, transmitido ao vivo. Os clientes habituais de Stephanie e alguns amigos apreciariam o show, e ela tinha a sensação de que Karen faria o resto.
Enquanto se movia entre as mesas, ela notou os primeiros espectadores entrando na transmissão. Alguns de seus clientes regulares comentaram: “O que está acontecendo na lanchonete?” e “Por que Steph está filmando uma cabine vazia?” Stephanie trocou sorrisos sutis com os clientes que notaram sua configuração, despertando o interesse deles.
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Pela janela, ela viu Karen finalmente entrando, com o rosto em um tom de vermelho vivo. Ela retomou seu lugar na cabine, alheia ao telefone que registrava todos os seus movimentos. Quando Karen retomou a conversa, seu tom arrogante reverberando pela lanchonete, Stephanie sabia que esse show estava apenas começando.
Karen voltou para dentro, com o rosto corado enquanto jogava o cartão na mesa para pagar a conta, sua atitude mais irritante do que nunca. Ela mal olhou para Stephanie, agindo como se pagar a conta fosse um ato de caridade e não de decência comum.
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Por um momento, houve uma calmaria, como se as coisas pudessem se acalmar. Mas, minutos depois, o caos voltou. Os filhos de Karen estavam novamente andando pela lanchonete, gritando enquanto passavam correndo pelas mesas. Karen, ainda falando alto ao telefone, retomou a conversa, com sua voz enchendo a sala de forma desagradável.
Stephanie respirou fundo e se aproximou da mesa, com um tom cortês, mas firme. “Senhora, poderia pedir para seus filhos se sentarem? Eles já fizeram com que um garçom tropeçasse.” Karen lhe lançou um olhar mordaz. “Esta é uma lanchonete antifamília?”, ela esbravejou. “Eu paguei pelos danos, não paguei?”
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Stephanie sentiu sua paciência se transformar em algo mais frio. Ela encarou o olhar de Karen, acenou com a cabeça educadamente e se afastou, deixando Karen reclamar. Sua raiva fervilhava, mas Stephanie sabia que não precisava levantar a voz. A queda de Karen viria de sua própria arrogância. Era hora do ato final.
O plano de Stephanie ganhou vida. Ela se dirigiu à cozinha, inclinando-se para perto do chef. “Faça o sundae de banana split mais elaborado que você já fez”, ela murmurou. As sobrancelhas do chef se ergueram, mas ele assentiu com a cabeça, sorrindo com conhecimento de causa. Essa sobremesa seria a última indulgência de Karen por um tempo.
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Com o coração batendo forte, Stephanie saiu pela porta dos fundos, procurando o motorista do ônibus. Ela o encontrou verificando o motor e perguntou: “Quanto tempo falta para ele estar pronto para partir?” O motorista coçou a cabeça. “Cerca de uma hora, talvez um pouco menos.” Perfeito, pensou ela, com um sorriso nos lábios.
Stephanie entrou novamente na lanchonete com o sundae quase pronto e acertou o relógio. À medida que o relógio se aproximava do horário de partida do ônibus, ela voltou à mesa de Karen, com a voz melosa. “Senhora, sentimos muito pela experiência que teve antes. Nosso chef preparou um prato especial só para a senhora.”
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O rosto de Karen se iluminou, seu sorriso presunçoso voltou como se ela tivesse vencido de alguma forma. “Finalmente!”, gritou ela, sua voz alta o suficiente para virar cabeças. “Demorou muito para você perceber como tratar seus clientes!” Ela acenou para Stephanie com desdém e chamou seus filhos, se deliciando com sua vitória imaginada.
Stephanie a conduziu pela cozinha, mantendo-se um passo à frente, ignorando os comentários sarcásticos de Karen sobre “estabelecimentos de cidade pequena” e “cozinhas do interior” Ela não se importava – Karen podia se gabar o quanto quisesse. A vingança de Stephanie valeria a pena suportar mais alguns golpes.
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Karen tomou uma colherada triunfante do sundae, alheia ao tique-taque do relógio. Mas então, uma buzina profunda soou do lado de fora e seu garfo parou no ar. Seus olhos se arregalaram, o olhar presunçoso saindo de seu rosto quando ela viu o ônibus parado, pronto para partir.
Karen saltou da cabine e seus filhos se esforçaram para segui-la, com os rostos sujos de sorvete derretido. Ela irrompeu pela porta, sua voz se elevando a um grito de pânico. “Espere! Pare!”, gritou ela, acenando loucamente. Mas o motorista, sem saber de sua situação, já havia começado a se afastar.
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Ela observou horrorizada enquanto o ônibus dobrava a esquina, deixando-a presa. Seu rosto se ruborizou, sua expressão se transformou de raiva em descrença. O pânico brilhou em seus olhos e ela pegou o celular, discando para o namorado com dedos frenéticos. “Amor, você precisa vir nos buscar”, ela gaguejou. “O ônibus saiu!”
Ao encerrar a ligação, Karen alisou a blusa e respirou fundo e se acalmou. Seu olhar pousou em Greg, que estava ao lado do balcão, fazendo a limpeza. Ela se aproximou, fingindo um tom educado. “Vou precisar esperar aqui até meu namorado chegar. Certamente, você pode nos deixar ficar um pouco mais?”
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Greg olhou para cima, encontrando o olhar dela com uma expressão tão calma quanto decidida. “Sinto muito, senhora, mas esta lanchonete de cidade pequena e suja vai fechar em breve. Não abrimos exceções para clientes inconvenientes.” Sua voz era suave, suas palavras chegavam com uma finalidade tranquila que não deixava espaço para discussão.
O rosto de Karen ficou pálido quando as palavras de Greg foram registradas, sua fachada de confiança desmoronou. Ela olhou em volta, procurando algum sinal de simpatia, mas encontrou apenas olhares vazios e alguns sorrisos. Pela primeira vez, Karen parecia realmente perdida – pega de surpresa de uma forma que ela nunca esperava.
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Observando de longe, Stephanie sentiu uma onda de satisfação tomar conta dela. Ela lidou com tudo isso com um profissionalismo calmo, deixando que o próprio comportamento de Karen levasse a esse momento. Sua transmissão ao vivo atraiu muita atenção, com os moradores locais comentando ansiosamente enquanto viam a cliente arrogante finalmente sofrer uma consequência.
No final da noite, o vídeo de Stephanie foi amplamente compartilhado entre as lanchonetes e cafés próximos, com colegas garçons e garçonetes compartilhando suas próprias histórias de clientes difíceis. Parecia que a cidade inteira estava se unindo a ela, saboreando uma vitória pequena, mas poderosa.
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Mais tarde, Stephanie relaxou com uma cerveja gelada, com risadas e calor na sala enquanto seus colegas de trabalho relembravam os eventos do dia. Ela nunca imaginou que seu último dia terminaria dessa forma – saindo com uma história que seria lembrada por toda a cidade. Levantando o copo, ela sentiu um orgulho profundo e merecido, sabendo que havia partido não apenas em seus próprios termos, mas com um legado de uma despedida inesquecível.