Jeremy andou lentamente pelo quarto, ajeitando os travesseiros e saboreando o raro luxo de ir para a cama no início da noite. Com uma tempestade de neve se aproximando rapidamente, o velho estava contente em se agachar e dormir durante todo o tempo, seguro e aquecido.
Quando estava prestes a se acomodar em sua cama recém-feita, ele deu uma última olhada para fora da janela e notou algo escondido nos arbustos. Encarando como se fosse um esquilo ou um roedor se abrigando do frio, ele se dirigiu para a cama quando a campainha tocou, assustando-o. Ao abrir a porta, ele encontrou sua filha, que estava em casa, e a encontrou.
Ao abrir a porta, ele encontrou sua jovem vizinha, com o rosto pálido e ansioso. “Sr. Rogers, há um animal em seu quintal. Deve estar congelando”, disse a doce menina, com a voz tingida de urgência. Jeremy agradeceu a ela e foi verificar o animal. Mas, quando se aproximou, seus passos vacilaram e seu rosto empalideceu; havia algo gelado escondido sob a barriga da criatura.
Jeremy havia passado toda a sua vida na pacata cidade de Berkshire, um lugar que guardava todas as suas lembranças. Ele nasceu e cresceu aqui, conheceu e se casou com sua bela esposa Helen e, juntos, compartilharam 35 anos nesta mesma casa, construindo uma vida que parecia inquebrável.
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Mas esse capítulo havia terminado há muito tempo. Com a ausência de Helen por mais de uma década, Jeremy se acostumou à solidão, preenchendo seus dias com rotina e tarefas, tendo como única companhia o zumbido silencioso do relógio.
Aos 75 anos, ele ainda era decididamente independente, cortando obstinadamente a própria grama e mantendo a casa em ordem, embora o peso da solidão permanecesse em cada canto. Essa solidão piorou durante o inverno rigoroso. O frio corroía seus ossos velhos, cada rajada de vento forte era um lembrete de sua fragilidade.
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Com a iminência de uma tempestade de neve, conforme alertado pelas autoridades locais, Jeremy apressou-se em realizar suas tarefas, ansioso para se retirar para o santuário de sua cama, longe do frio intenso e da solidão que sempre parecia dura no frio.
Jeremy estava prestes a se acomodar na cama quando a campainha da porta tocou, cortando o silêncio da noite. Ele suspirou, sentindo a dor nas articulações enquanto se arrastava até a porta. Lá estava a garotinha da casa ao lado, com a respiração embaçada pelo ar frio.
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“Sr. Rogers, há um animal preto em seu quintal”, disse ela, com a voz carregada de preocupação. “Ele está lá desde a manhã e tenho medo de que ele congele” Jeremy piscou os olhos. Um animal? Em seu quintal? Ele não tinha ouvido um único som durante todo o dia, mas o medo da garota era inconfundível.
Jeremy, embora perplexo, acenou com a cabeça e agradeceu. Ele fechou a porta, com o frio persistindo em seus ossos enquanto se preparava para o frio. Vestindo seu casaco mais grosso, cachecol e luvas, ele se preparou para o ataque do ar gelado.
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O frio o atingiu como um soco, o vento arranhando suas camadas e penetrando em suas articulações. Cada passo era um esforço, sua respiração era expelida em rajadas de névoa enquanto ele caminhava em direção ao quintal.
Quando Jeremy se aproximou do quintal, avistou o animal preto, enrolado em uma bola apertada perto da cerca. Seu pelo estava emaranhado e sujo, meio coberto de neve e quase impossível de distinguir. Ele se aproximou, com o coração acelerado por uma mistura de preocupação e cautela.
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Jeremy manteve a distância, com os olhos fixos na criatura enquanto seu pulso acelerava. Ao se aproximar lentamente, sua respiração ficou presa na garganta, reconhecendo que se tratava de um filhote de urso! O bebê urso parecia vulnerável, mas Jeremy sabia disso. Qualquer movimento para ajudar poderia desencadear um ataque da mãe, que poderia estar à espreita por perto. O perigo o manteve firmemente no lugar.
O coração de Jeremy batia forte enquanto ele observava o filhote a uma distância cautelosa. Ele parecia indefeso, quase como um ursinho de pelúcia descartado aninhado na neve. Mas Jeremy sabia que não podia deixar que sua inocência o desarmasse, pois a ameaça da mãe à espreita era um perigo que ele não podia ignorar.
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Jeremy deu um passo para trás, com o coração batendo forte, percebendo o quanto estava vulnerável nessa posição. Ele hesitou, seu instinto de ajudar se chocou com o perigo claro e presente. Ele se virou e voltou para dentro, com a respiração instável.
Jeremy fechou a porta atrás de si e se encostou nela, com a mente acelerada. Ele não podia simplesmente deixar o filhote de urso lá fora, no frio congelante, mas a ameaça de ser atacado pela mãe era grande em seus pensamentos.
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Se ele se machucasse, quem estaria lá para ajudá-lo? Ele estava sozinho, sem ninguém para cuidar dele se as coisas dessem errado. A perspectiva de uma queda feia ou de uma mordida séria era mais do que apenas dolorosa – poderia ser catastrófica. Mas ele também não podia deixar um animal morrer de frio em seu quintal.
Ele ficou olhando pela janela, vendo os primeiros flocos de neve começarem a cair, leves no início, mas com um ritmo constante e deliberado. A visão fez seu coração afundar. Ele sabia que a tempestade só iria piorar, e o bebê urso não teria a menor chance no frio intenso.
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A ideia de o filhote congelar o atormentava, apertando o nó de ansiedade em seu peito. Ele não podia simplesmente deixar isso acontecer. Da sala de estar, ele ficou de olho no filhote, esperando que a mãe logo aparecesse e o levasse para um lugar seguro.
Mas, com o passar das horas, sua esperança se esvaiu. Determinado a agir, Jeremy se vestiu com um suéter extra, um cachecol grosso e um par de luvas de jardinagem velhas, na esperança de que pudessem oferecer alguma proteção. Sentindo-se volumoso e incerto, ele se preparou para o que viesse pela frente. Ele não podia simplesmente ficar sentado sem fazer nada.
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Jeremy saiu de casa mais uma vez, com o frio picando seu rosto enquanto se dirigia ao quintal. Dessa vez, ele se moveu lentamente, com cautela, mantendo distância. O urso ainda estava lá, com o corpo encolhido de forma protetora.
Ao se aproximar, Jeremy notou que a postura do filhote de urso era estranha. Em vez de se abrigar do frio nos arbustos, ele parecia estar firmemente enraizado no mesmo lugar, sem se mover um centímetro. Ocasionalmente, o filhote de urso emitia sons baixos de choramingos, um som que sugeria algo diferente de hostilidade absoluta.
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Ele não estava tentando ameaçá-lo; estava guardando alguma coisa. Sua pulsação se acelerou de curiosidade. O que poderia estar escondendo? Jeremy respirou fundo e se aproximou, falando baixinho para acalmar o filhote de urso. “Calma… não estou aqui para machucá-lo”, murmurou, com uma voz suave, mas firme.
Os olhos do filhote acompanharam cada um de seus movimentos, mas ele não pareceu machucá-lo de forma alguma. Em vez disso, ele se mexeu ligeiramente, revelando algo escondido sob a barriga. O coração de Jeremy bateu forte quando ele ouviu sons fracos e estranhos – ruídos suaves e abafados que não lhe eram familiares e eram perturbadores.
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O primeiro pensamento de Jeremy foi que o som estranho poderia ser de outro filhote – um irmão, talvez. Essa constatação só aumentou sua preocupação; se houvesse vários filhotes, a chance de a mãe estar por perto aumentava. Seu estômago se apertou e ele voltou rapidamente para dentro da casa.
Uma vez lá dentro, pegou seu laptop e digitou perguntas urgentes como “como se livrar de um filhote de urso no seu quintal” e “o que fazer com filhotes de urso abandonados nas proximidades” Cada resultado confirmava seus temores: ele deveria deixá-los em paz, pois a mãe provavelmente estaria por perto.
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A orientação era clara: evite interferir e entre em contato com o abrigo de animais local. Os profissionais saberiam como lidar com a situação, especialmente se o filhote fosse realmente abandonado. Jeremy leu várias fontes, cada uma enfatizando os riscos envolvidos em lidar com animais selvagens sozinho.
Um forte senso de urgência se apoderou de Jeremy à medida que a neve do lado de fora ficava mais espessa. A mãe ursa ainda não havia aparecido para levar seus filhotes para um lugar seguro, e ele sabia que não poderia tentar resgatá-los sozinho. No entanto, quanto mais ele esperasse, maior seria o risco de os filhotes congelarem no frio intenso.
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Jeremy sentou-se perto da janela, com a neve caindo em uma cortina branca constante do lado de fora. Ele sentiu uma sensação de impotência, com a urgência da situação pesando sobre ele. Sem saber o que fazer em seguida, pegou o telefone e ligou para o abrigo de animais local.
A mulher do outro lado da linha o ouviu pacientemente, mas suspirou com pesar. “Sinto muito, Sr. Rogers”, disse ela, com uma voz apologética. “Com a tempestade que se aproxima, nossa equipe de resgate não pode sair até que tudo esteja limpo. É muito perigoso neste momento.”
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Jeremy agradeceu, com o coração apertado ao desligar. A neve estava caindo mais rápido, mais espessa, e o frio estava penetrando em cada fenda e rachadura de sua velha casa. Ele olhou para o filhote de urso do lado de fora, ainda encolhido sobre o tesouro escondido.
Não havia tempo a perder; a tempestade só iria piorar, e o bebê urso, juntamente com o que quer que estivesse protegendo, não duraria a noite em condições tão brutais. A ideia de eles congelarem lá fora o perturbava profundamente.
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Jeremy sabia que não poderia ficar de braços cruzados. Ele se agasalhou mais uma vez, sua determinação superando o medo. Ele caminhou pela neve até o galpão do quintal, com o vento batendo em seu rosto enquanto vasculhava suas ferramentas e suprimentos.
Ele precisava de algo – qualquer coisa – que pudesse atrair o filhote de urso para longe sem provocá-lo. Ideias malucas giravam em sua mente enquanto ele examinava as prateleiras desordenadas. Seus olhos, então, caíram sobre um velho brinquedo que chiava e que havia pertencido ao cachorro de um vizinho anos atrás.
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Ele pensou brevemente em jogá-lo para distrair o filhote de urso, achando que poderia despertar alguma curiosidade ou brincadeira. Mas o brinquedo estava quebradiço com a idade e ele temia que o urso o visse como uma ameaça ou simplesmente o ignorasse completamente.
Outro plano incompleto se formou enquanto ele olhava para uma mangueira de jardim enrolada. E se ele borrifasse o chão perto do filhote de urso para fazê-lo recuar? Mas a ideia de transformar a água em manchas de gelo o fez reconsiderar rapidamente.
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A última coisa que ele precisava era criar um perigo escorregadio no frio congelante. Jeremy sentiu a frustração aumentar. Todas as ideias pareciam não dar certo, ou eram impraticáveis ou potencialmente prejudiciais. A neve estava caindo com mais força agora, girando em rajadas ferozes que picavam sua pele.
Ele fechou os olhos, respirou fundo e se firmou contra a onda crescente de pânico. Tinha que haver uma maneira de fazer isso. Jeremy ficou olhando pela janela, sentindo o peso da situação pressionando-o. Ele sabia que precisava de uma abordagem diferente.
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Ele sabia que precisava de uma abordagem diferente. Ele olhou novamente para o filhote de urso, estudando o pelo emaranhado e o corpo magro. O bebê urso parecia frágil e fraco, tremendo incontrolavelmente no frio brutal sem Uma ideia surgiu em sua mente – talvez ele pudesse atrair o bebê urso com comida.
Jeremy correu para a cozinha, indo direto para o freezer. Ele pegou um saco de salsichas, esperando que o cheiro sedutor pudesse atrair o filhote de urso para longe. Envolvendo a mão em um cobertor grosso para se proteger de possíveis mordidas e arranhões, ele se moveu rapidamente para a cozinha, sua determinação endurecendo a cada passo.
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Ele acendeu a grelha e as salsichas chiaram quando atingiram a superfície quente. O aroma saboroso rapidamente encheu o ar, aquecendo o ambiente e o espírito de Jeremy. Ele preparou as linguiças cuidadosamente e entrou na noite gelada, enfrentando os elementos com determinação renovada.
Quando Jeremy se aproximou do filhote de urso, ele se moveu com uma lentidão deliberada, atento para não assustá-lo. Ele colocou uma salsicha ao alcance do urso, com o cheiro quente flutuando entre eles. O nariz do filhote de urso se contraiu, captando o cheiro, mas ele permaneceu no lugar, com os olhos ainda fixos no que estava embaixo dele.
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Sem se deixar abater, Jeremy continuou a deixar um rastro de salsichas, cada pedaço levando gradualmente em direção ao galpão. Ele se moveu metodicamente, com a respiração embaçada no ar, colocando uma salsicha após a outra até chegar à entrada do galpão.
Então, ele se retirou, com o coração batendo forte, para observar da segurança de sua casa. Olhando pela janela, a ansiedade de Jeremy aumentou quando ele observou o filhote. Ele não havia se movido, ainda encolhido protetoramente sobre sua carga escondida. A dúvida o atormentava – será que ele havia falhado novamente?
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Os minutos se estenderam, cada um parecendo uma eternidade enquanto a neve girava mais furiosamente ao redor deles. Mas então, um pequeno movimento chamou a atenção de Jeremy. A cabeça do urso se levantou ligeiramente, suas narinas se dilataram enquanto ele farejava o ar, o cheiro das salsichas finalmente chegando até ele.
Lentamente, com cautela, ele avançou, movido pela fome. Ele pegou a primeira salsicha, mastigando-a avidamente, depois fez uma pausa, avaliando a situação. Pouco a pouco, o filhote de urso seguiu a trilha, com movimentos cuidadosos e deliberados.
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Jeremy observou com a respiração suspensa, sentindo uma mistura de alívio e tensão enquanto o urso comia cada pedaço de salsicha. O animal parecia ficar mais ousado a cada mordida, a atração da comida superando sua cautela inicial.
Finalmente, o filhote de urso alcançou a soleira do galpão. Funcionou! O urso, movido pela fome, havia se afastado do local que guardava tão ferozmente. Jeremy exalou, sentindo um alívio pequeno, mas profundo, ao ver o filhote alcançar o prato de salsichas que estava no galpão.
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Quando o filhote de urso alcançou o prato de salsichas dentro do galpão, Jeremy se moveu rapidamente, fechando a porta atrás dele para proteger o animal da neve implacável. Ele parou por um momento, com o coração ainda acelerado pela expectativa de ser emboscado pela mamãe ursa, antes de voltar sua atenção para o que o filhote de urso estava guardando tão ferozmente.
Jeremy se aproximou do local com receio, a neve rangendo sob os pés à medida que ele se aproximava. Os sons fracos e estranhos ainda eram audíveis, abafados e quase assombrosos no silêncio da tempestade. Sua mente estava acelerada, cada passo o aproximava da resposta.
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Ele se ajoelhou e ficou com a respiração presa ao remover cuidadosamente a fina camada de neve que cobria as criaturas. Para sua surpresa, a criatura por trás dos estranhos ruídos que haviam assustado Jeremy anteriormente não era outro filhote de urso.
Em vez disso, eram dois filhotes de cachorro minúsculos, com o pelo coberto de neve. Eles olharam para ele com olhos arregalados e sem piscar, com seus corpos pequenos e redondos tremendo levemente. O coração de Jeremy se encheu de alívio e admiração.
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Gentilmente, Jeremy pegou os filhotes em um cobertor quente, embalando-os contra o peito. Ele correu para dentro de casa, consciente do estado delicado deles, e os colocou em uma caixa aconchegante perto da lareira, onde o calor ajudaria a reanimá-los.
Seus pensamentos rapidamente se voltaram para o pobre filhote de urso. Jeremy voltou ao galpão, com a respiração embaçada pelo frio intenso. O filhote de urso estava caído no chão, com os olhos semicerrados e o corpo imóvel, sua determinação anterior agora substituída pela exaustão total.
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O pulso de Jeremy acelerou; o filhote de urso claramente tinha dado tudo de si para proteger os filhotes e agora estava à beira do colapso. Ele se ajoelhou ao lado do bebê urso, com as mãos trêmulas enquanto verificava gentilmente se havia sinais de vida. A respiração do urso era superficial, seu corpo estava fraco e não respondia.
O frio intenso e a tensão implacável haviam cobrado seu preço. O coração de Jeremy doeu quando ele percebeu que a condição do filhote de urso era terrível – ele havia se sacrificado tanto para manter os filhotes em segurança. O pânico ameaçou tomar conta de Jeremy enquanto ele acariciava o pelo emaranhado do urso.
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Ele não conseguia suportar a ideia de perder o filhote de urso agora, não depois de tudo o que ele havia feito. Jeremy levantou a criatura com cuidado, embalando sua forma frágil nos braços, e a carregou para dentro, esperando que o calor de sua casa fosse suficiente para salvá-la.
Jeremy gentilmente colocou o filhote de urso perto da lareira, envolvendo-o firmemente em um cobertor grosso. O calor do fogo encheu o cômodo, mas pareceu fazer pouco pelo urso, cuja respiração continuava difícil e superficial.
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Jeremy observou, impotente, a condição do filhote de urso continuar a se deteriorar, seus olhos, antes alertas, agora mal se abriam, piscando com os mínimos sinais de vida. O medo de perder o animal o dominava, a ideia de que ele morresse depois de proteger bravamente os filhotes era insuportável.
Jeremy andava de um lado para o outro na sala, sua mente correndo em busca de uma solução. Ele sabia que o resgate do animal não chegaria a tempo – a tempestade havia se encarregado disso. O relógio estava correndo, cada segundo que passava era um lembrete de como a situação havia se tornado crítica.
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Ele pegou o telefone, com as mãos trêmulas, e ligou para seu amigo, o veterinário local. “Você precisa me ajudar, por favor”, implorou Jeremy. O veterinário, reconhecendo a gravidade da situação, respondeu imediatamente. “Traga o filhote de urso, Jeremy. Vou deixar tudo pronto”, respondeu ele.
Determinado, Jeremy embrulhou o filhote de urso mais uma vez, tomando cuidado para proteger seu corpo frágil do frio cortante. Ele o carregou até a caminhonete, cada passo parecia pesado enquanto o vento uivava ao seu redor e os flocos de neve picavam seu rosto.
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Jeremy se moveu rapidamente, juntando os filhotes e pegando o bebê urso junto com o cobertor, com seu corpo frágil ainda tremendo. Jeremy correu para fora, lutando contra o vento forte enquanto os colocava em seu carro, prendendo-os gentilmente no banco do passageiro.
Ele sabia que dirigir naquele clima era perigoso – estradas geladas e pouca visibilidade tornavam cada curva traiçoeira -, mas a urgência em seu peito superava o risco.
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Ele não podia deixar o filhote de urso morrer, não depois de tudo o que ele havia feito. A viagem parecia um delicado ato de equilíbrio. Jeremy queria correr para o veterinário o mais rápido que pudesse, mas as estradas escorregadias o obrigavam a se mover com cautela.
Ele não parava de olhar para o filhote, cuja respiração era superficial e irregular, e o tique-taque de sua condição o impulsionava a seguir em frente. Ele percorreu as estradas sinuosas, com visibilidade de apenas alguns metros à frente. Cada vez que o carro deslizava, mesmo que levemente, o coração de Jeremy batia mais forte.
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Finalmente, o brilho fraco do consultório do veterinário apareceu em meio à nevasca. Jeremy exalou um fôlego que não percebeu que estava segurando. Parando no estacionamento, ele derrapou e rapidamente carregou o filhote de urso para dentro.
O veterinário, fiel à sua palavra, estava pronto e esperando. O veterinário imediatamente levou o filhote para os fundos, deixando Jeremy na sala de espera com os filhotes bem aconchegados em seu cobertor. As horas se passaram, cada minuto se estendendo enquanto Jeremy esperava por notícias.
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Quando o veterinário finalmente apareceu, seu rosto se suavizou em um sorriso reconfortante. “Jeremy, você fez algo incrível”, disse ele, com a voz calma, mas cheia de respeito. “Se você não tivesse trazido o filhote de urso quando o fez, ele não teria sobrevivido. Felizmente, ele está estável agora.”
O alívio tomou conta de Jeremy, seus ombros caíram com a liberação da tensão. Ele contou ao veterinário sobre como o urso havia protegido os filhotes, o ato corajoso que o levou a arriscar tanto. O veterinário acenou com a cabeça e examinou os filhotes, que pareciam estar se recuperando bem da provação.
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Quando Jeremy olhou pela janela, percebeu que a tempestade finalmente havia diminuído. A neve havia parado de cair, deixando um cobertor silencioso e imóvel sobre o mundo lá fora. As ruas brilhavam sob os postes de luz, e o caos da tempestade foi substituído por uma calma serena.
Exausto da provação da noite, Jeremy finalmente foi para casa. O calor de sua cama, pelo qual ele ansiava desde a noite, agora oferecia um alívio do frio e da preocupação que o dominava. Ele adormeceu, e o sono o dominou assim que ele se deitou no travesseiro.
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Quando Jeremy acordou na manhã seguinte, seu primeiro pensamento foi o filhote de urso e os filhotes. Ele se vestiu rapidamente, ansioso para ver como eles estavam se saindo. As estradas, embora ainda cobertas de neve, estavam muito mais seguras agora, e a fúria da tempestade já era uma lembrança distante.
Ao chegar ao consultório do veterinário, o coração de Jeremy se animou quando viu o filhote acordado, com os olhos mais brilhantes do que na noite anterior. Assim que o filhote viu Jeremy, ele se arrastou até Jeremy com um ritmo fraco, mas determinado.
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Jeremy se ajoelhou, acariciando gentilmente a cabeça do filhote de urso enquanto ele se inclinava para ele, com um gemido suave escapando de seus lábios. O filhote lambeu sua mão, sua gratidão e afeição eram palpáveis. Jeremy ficou com os olhos marejados ao perceber como a valente criatura quase sacrificou sua vida pelos filhotes.
O veterinário se juntou a Jeremy para entrar em contato com o abrigo de animais local e, juntos, providenciaram para que o filhote de urso fosse transferido para um santuário de vida selvagem assim que estivesse totalmente curado. O veterinário garantiu a Jeremy que o santuário forneceria os cuidados e a liberdade de que o filhote precisava para se desenvolver na natureza.
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Nos dias que se seguiram, Jeremy visitou o consultório do veterinário com frequência, verificando os filhotes que o filhote de urso havia protegido tão ferozmente. Cada visita o lembrava da bravura do filhote e ele sentia uma gratidão silenciosa pela pequena criatura que os havia protegido durante a noite.
Quando o filhote de urso recuperou suas forças, Jeremy sentiu o peso agridoce de dizer adeus. O tempo que passaram juntos foi breve, mas deixou um impacto duradouro. Ele observou o filhote ficar mais forte, sabendo que logo voltaria a ter uma vida destinada à natureza.
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Finalmente chegou o dia em que a equipe do abrigo levou o filhote de urso para seu novo lar. Jeremy se ajoelhou ao lado dele, dando um último e suave afago em seu pelo, sentindo o peso do momento. O filhote olhou para ele com olhos confiantes e, quando foi levado embora, uma dor silenciosa se instalou em seu coração, a despedida mais difícil do que ele imaginava.
A equipe do abrigo gentilmente se ofereceu para levar os filhotes também, mas Jeremy não conseguia suportar a ideia de se separar deles depois de terem passado por uma tempestade tão tumultuada juntos. Jeremy adotou os dois filhotes e, em homenagem à coragem do filhote, ele os batizou de “Bear” e “Scout”
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Jeremy, Bear e Scout rapidamente se tornaram inseparáveis. Jeremy sentiu uma sensação de renovação, um novo capítulo se desenrolando. A tempestade que antes parecia tão assustadora havia, no final, lhe trazido o maior presente – a história de uma vida inteira e dois companheiros leais para ele.