Olhando por cima do corrimão, Aditya olhou para a água turva lá embaixo, esperando, contra toda esperança, que as águas da enchente tivessem baixado durante a noite. Mas algo chamou sua atenção: uma forma escura e indistinta flutuando na água. Ele se inclinou para mais perto, com o coração acelerado, tentando ver o que era.

“O que é isso?”, murmurou ele, com a voz quase inaudível no silêncio assustador da casa inundada. O objeto era grande, flutuando lentamente logo abaixo da superfície da água. Seus olhos se estreitaram enquanto ele tentava se concentrar, pois a luz fraca dificultava a visão clara.

Então, na fraca luz da manhã, a verdade se revelou. Sua pele era lisa, brilhante e inconfundivelmente escamosa. Um calafrio repentino percorreu sua espinha quando ele se deu conta. Era uma cobra – enorme, com vários metros de comprimento. E, pior, algo se projetava de forma grotesca em sua barriga.

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O estômago de Aditya se revirou quando ele entendeu o que estava vendo. A cobra havia engolido algo – algo grande o suficiente para criar uma protuberância visível em seu corpo. Ele deu um passo trêmulo para trás, com o medo se instalando. “O que diabos ela engoliu?”

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Aditya limpou a chuva da testa, segurando o volante com mais força enquanto o SUV rolava pela estrada lamacenta. O céu estava sempre cinza há dias, e hoje não era exceção. Ele saiu do trabalho mais cedo após o alerta, um aviso oficial sobre o fechamento da ponte próxima.

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As enchentes estavam piorando. Sua prioridade agora era chegar em casa antes que o rio transbordasse. Ao virar na rua, seu coração se apertou. A rua em frente à sua casa havia se transformado em um rio raso. A água girava em torno de postes de luz submersos e detritos à deriva, fazendo com que tudo parecesse assustador.

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Seu SUV atravessou as águas da enchente com relativa facilidade, mas a visão de sua casa, cercada pela água que subia, era perturbadora. Ele estacionou e saiu para a água até a altura dos joelhos. O frio da água atravessou suas calças enquanto ele caminhava em direção à porta da frente, sentindo o peso da situação.

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Lá dentro, o cenário era sombrio. Seu avô, velho, mas teimosamente independente, estava lutando para puxar os móveis em direção à escada. “A água está entrando”, grunhiu o avô. Aditya se juntou a ele, dando uma olhada na piscina que estava subindo. O santuário deles estava lentamente se enchendo de água, ameaçando tudo o que possuíam.

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Juntos, eles começaram a mover os móveis para o andar de cima. Eles trabalharam metodicamente, pegando cada item um por um, em um ritmo urgente, mas cuidadoso. Não havia como saber quanto tempo eles tinham antes que a água subisse ainda mais, portanto, não podiam se dar ao luxo de cometer erros.

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Depois do que pareceram horas de trabalho, eles conseguiram levar tudo o que era importante para o andar superior. Exaustos, mas aliviados, eles se sentaram para jantar. O avô de Aditya havia preparado o jantar mais cedo, e eles comeram em silêncio, com o som da chuva forte batendo no telhado como um lembrete constante da tempestade.

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A luz tremeluzente das velas lançava longas sombras nas paredes enquanto Aditya e seu avô terminavam a refeição. Apesar do aumento das águas da enchente, eles se permitiram um breve momento de alívio, esperando que, pela manhã, a água começasse a baixar. Eles precisavam de um alívio, apenas um pouco de boas notícias para que pudessem continuar. Mas a tempestade tinha outros planos.

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À medida que a noite se arrastava, Aditya se viu incapaz de dormir. A umidade opressiva se agarrava à sua pele, tornando impossível relaxar. Cada respiração parecia espessa, o ar pesado com umidade. A chuva constante, que antes era suave, agora parecia um martelar implacável, batendo no teto sem parar.

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Para aumentar seu desconforto, a ferocidade da tempestade começou a rasgar as chapas de alumínio do telhado. A cada poucos minutos, um grito agudo cortava a noite quando um pedaço era arrancado, deixando lacunas que deixavam a chuva entrar. Era como se a tempestade estivesse determinada a desnudar a casa, pedaço por pedaço. E então havia os alarmes.

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Em algum momento durante a noite, a água subiu o suficiente para inundar o andar térreo, atingindo o SUV estacionado de Aditya. O contato repentino da água com os componentes eletrônicos acionou o alarme, e o grito estridente atravessou a tempestade. Aditya esperava que o alarme se apagasse sozinho, mas isso não aconteceu.

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Não era apenas o carro dele. Em toda a vizinhança, outros alarmes começaram a tocar à medida que a água se infiltrava nos veículos estacionados na rua. Um a um, os sons agudos ecoavam pelo ar, competindo com o vento e a chuva. O barulho constante e estridente aumentava o caos, impossibilitando o sono.

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Deitado e acordado, Aditya sentia o peso da exaustão pressionando-o, mas não havia como se desligar da cacofonia. A tempestade, o barulho do teto e os alarmes intermináveis faziam parecer que a própria noite estava contra eles. Toda vez que o som parecia desaparecer, outro alarme era disparado, tirando-o dos breves momentos em que ele achava que poderia adormecer.

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Foi uma noite longa e sem dormir. A água continuava a entrar na casa, aproximando-se de onde eles haviam se retirado. O ar opressivo estava cheio de umidade, e a própria casa gemia sob o peso da água da enchente. Os minutos se transformaram em horas e, quando o céu começou a clarear, Aditya não havia dormido nada.

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Ele finalmente se forçou a sentar, com o corpo doendo de exaustão. Seu primeiro instinto foi verificar os níveis de água. Chegando cautelosamente ao topo da escada, ele olhou para baixo, para a luz fraca do andar térreo submerso. Seu SUV, pouco visível através da água, ainda tinha os faróis piscando devido ao curto-circuito. Os alarmes haviam se silenciado misericordiosamente, mas o estrago estava feito.

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A casa gemeu sob o peso da água da enchente, a estrutura foi tensionada pela pressão constante. Quando Aditya olhou por cima do corrimão, fez uma pausa. O andar térreo ainda estava submerso, a água turva girava lentamente, os detritos flutuavam preguiçosamente logo abaixo da superfície.

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Seu estômago se contraiu. A água havia subido ainda mais, agora a apenas alguns metros do andar superior. Tudo o que estava embaixo estava perdido, afogado na água turva da enchente. O pânico o atormentava, mas ele o deixou de lado. Eles tinham que sobreviver, de alguma forma.

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“Vovô, precisamos descobrir nossos suprimentos”, disse Aditya enquanto se dirigia à pequena pilha de alimentos que haviam conseguido salvar. Seu avô, com aparência frágil e tremendo por causa de uma febre baixa, estava sentado ali perto, olhando fixamente para a chuva através da janela. “Não temos muito mais.”

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Aditya remexeu nos poucos itens que tinham: um pequeno saco de arroz, meio pacote de farinha, algumas lentilhas secas e alguns feijões. Ele olhou para o avô e depois para os suprimentos cada vez menores. “Teremos que racionar isso, ou não durará mais do que alguns dias.”

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Eles dividiram a comida em pequenas porções. Não era suficiente para mantê-los saciados, mas teria que ser suficiente. Sua maior preocupação era a água. O suprimento de água do poço havia sido poluído pelas águas da enchente, e eles estavam contando com a pequena quantidade de água engarrafada que lhes restava. Mas ela também não duraria muito.

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Aditya teve uma ideia. Ele subiu no telhado e desmontou um velho cano de água da chuva, inclinando-o para cima para coletar a chuva. Quando o cano começou a gotejar água fresca da chuva, ele sentiu uma pequena onda de esperança. Não era muito, mas já era alguma coisa. Eles poderiam beber isso, pelo menos por enquanto.

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Mas a tempestade não dava sinais de que iria parar. A chuva caía incessantemente e o avô de Aditya começou a se deteriorar. Sua febre piorou e ele passou a maior parte do tempo tremendo sob os cobertores finos que haviam sido recuperados ou resmungando para si mesmo.

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Quando estavam sentados perto da janela, tentando se aquecer, avistaram algo em meio à chuva. Uma vaca estava amarrada a uma árvore, com o corpo meio submerso na água que subia. Ela soltou um urro desesperado e gutural, com os olhos arregalados de medo. Aditya sentiu um nó na garganta. “Eles não podem deixá-lo lá”, murmurou seu avô. “Ela vai se afogar se a água subir ainda mais.”

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As horas se passaram, e os gritos da vaca ficaram mais fracos. Quando Aditya pensou que o pobre animal estava condenado, eles ouviram o som baixo do motor de um barco. Através dos lençóis de chuva, um barco do exército apareceu, com soldados inclinados nas laterais, examinando a área. Eles alcançaram a vaca, cortaram a corda que a prendia à árvore e puxaram o animal assustado para bordo.

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“Graças a Deus”, sussurrou Aditya, observando a cena se desenrolar. O exército ainda estava lá fora, resgatando aqueles que podiam. Ele só esperava que eles fossem os próximos. Mas o resgate não era simples. O exército tinha um sistema, uma prioridade.

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As pessoas cujas casas haviam sido completamente destruídas eram resgatadas primeiro. Aditya entendia isso – era justo. Mas toda vez que um barco passava sem parar, sua esperança diminuía. Afinal, a casa deles ainda estava de pé, mesmo que estivesse meio submersa.

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Em um determinado momento, um barco de resgate se aproximou o suficiente para que Aditya pudesse ver os rostos dos soldados. O desespero tomou conta dele e ele gritou: “Por favor! Meu avô está doente!”, agitando os braços, mas a casa deles ficava um pouco separada das outras casas. O motor do barco abafou sua voz, e os soldados não o ouviram. Eles continuaram, desaparecendo na névoa.

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Na casa, as águas da enchente haviam subido até o último degrau da escada. Aditya e seu avô ficaram sentados em silêncio, ouvindo a chuva. A febre de seu avô havia aumentado novamente e ele estava murmurando que o mundo estava acabando. Aditya já tinha ouvido tudo isso antes, as histórias das grandes enchentes de sua infância, o fim dos dias, como os rios recuperariam a terra.

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“Se a água continuar subindo, eu vou boiar”, disse seu avô de repente, com um brilho estranho e febril nos olhos. “O que você quer dizer com isso?” Perguntou Aditya, meio fazendo graça e meio preocupado. “Eu já descobri”, disse o avô. “Os galões de água potável. Vou amarrá-los a mim com os tubos de borracha de seus pneus sobressalentes. Eles me manterão flutuando. Eu vou me afastar de tudo isso.”

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Aditya balançou a cabeça. “Você não vai a lugar nenhum, vovô. Nós seremos resgatados antes que isso aconteça.” A febre tinha claramente cobrado seu preço do velho, mas Aditya não conseguia discutir. Ele deixaria seu avô acreditar em seu estranho plano se isso lhe desse algum conforto. Enquanto isso, Aditya continuava a verificar os níveis de água, rezando para que não subissem ainda mais.

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Em uma tentativa desesperada de se comunicar com o mundo exterior, Aditya tentou carregar seu telefone usando um dínamo improvisado do ventilador de teto. Ele inverteu o motor, girando manualmente as pás para gerar uma pequena quantidade de energia. Funcionou – quase nada -, conseguindo enviar uma mensagem rápida para sua mãe e informando que estava seguro.

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À medida que o nível da água subia, Aditya teve a ideia engraçada de tentar pescar na varanda de sua casa de dois andares. Com o rio entrando em sua vizinhança, ele imaginou que poderia haver peixes nas águas da enchente. Usando restos de farinha como isca, ele lançou uma linha na água turva, compartilhando um raro momento de humor com seu avô em meio à terrível situação.

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Mas, em vez de peixes, eles encontraram pequenas cobras mordiscando a isca. A visão os assustou no início, mas depois os dois caíram na gargalhada. Foi uma percepção bizarra e perturbadora de que a enchente havia trazido mais do que apenas água para suas vidas. O rio havia se tornado parte da casa deles e trazido seus habitantes com ele.

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Com o passar do tempo, tudo se transformou em um borrão de fome, exaustão e espera. Os helicópteros sobrevoavam o local, ocasionalmente baixando cordas para levar as pessoas para um lugar seguro. Mas eles ainda não tinham vindo buscar Aditya e seu avô. Sempre que ouviam o som das pás do helicóptero, eles corriam para fora, na esperança de serem vistos. Mas a casa deles, ainda quase intacta, não chamava muita atenção.

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Aditya estava inquieto, sem conseguir dormir. A chuva havia diminuído um pouco, mas a casa gemia e rangia sob o peso das paredes encharcadas. Ele se levantou, com a intenção de verificar o nível da água novamente. Ao se aproximar da escada, notou algo estranho – um som estranho, como o movimento suave e lento da água sendo deslocada.

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Ele se debruçou sobre a escuridão, olhando para baixo da escada, mas estava muito escuro para ver claramente. Ele pensou que poderiam ser detritos, algo flutuando do lado de fora. Mas ao se aproximar, seu sangue gelou. A forma não era detrito – estava se movendo, viva.

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Ele recuou lentamente, com o coração batendo forte e a mente cheia de possibilidades. O que havia na casa deles? Ele pegou uma lanterna e a apontou para a água turva. Foi então que ele viu. Uma cobra. Mas não era uma cobra qualquer.

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Era enorme, seu corpo se enroscava lentamente na água, ocupando a maior parte do espaço na parte inferior da escada. Sua pele era lisa e brilhante, as escamas refletiam a luz fraca em padrões assustadores. Ele deve ter entrado na casa pela porta aberta, levado pela enchente.

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Mas havia algo errado. A cobra não estava se movendo livremente. Parecia lenta, quase presa. Foi então que Aditya notou a protuberância em seu corpo – um caroço grande e grotesco que distorcia a seção média da criatura. A cobra havia engolido algo, algo enorme, e agora não conseguia se mover.

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Aditya sentiu uma onda de náusea enquanto sua mente se debruçava sobre as possibilidades. O que poderia ser tão grande que até mesmo essa enorme criatura teria dificuldade para digeri-lo? A cobra flutuava desamparada na água, com o corpo pesado pelo que havia consumido.

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Ele correu para acordar seu avô, que estava delirando, mas coerente o suficiente para entender. Os dois ficaram no topo da escada, olhando para o monstruoso intruso. “O que ele poderia ter comido?”, sussurrou o avô, com a voz trêmula.

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Aditya balançou a cabeça, incapaz de responder. Eles observaram em um silêncio tenso enquanto a cobra se debatia, com a água girando preguiçosamente em torno de seu corpo maciço. O que quer que ela tivesse engolido, não iria a lugar algum tão cedo. E eles também não.

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A tempestade do lado de fora começou a diminuir, a chuva se transformando em uma leve garoa, mas dentro da casa inundada, a tensão era insuportável. A presença da cobra acrescentou uma nova camada de terror à sua situação já precária. Os helicópteros ainda estavam sobrevoando a casa, mas eles não tinham ideia de quando, ou se, o exército viria buscá-los.

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Por enquanto, eles estavam presos – presos em uma casa que estava sendo lentamente consumida pela água, com uma cobra gigante bloqueando a única saída. E o que quer que a cobra tivesse engolido, permanecia um mistério aterrorizante, à espreita logo abaixo da superfície.

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A cobra não estava mais se movendo muito, mas certamente estava viva, com seu corpo maciço agora quase totalmente submerso sob a água turva que enchia a casa. De vez em quando, o corpo da cobra criava ondulações, enviando pequenas ondas pelo cômodo.

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Aditya ficou no terraço, olhando para o céu, onde helicópteros do exército sobrevoavam ocasionalmente, realizando operações de resgate. Toda vez que ele ouvia o leve zumbido das lâminas, seu coração saltava de esperança, apenas para despencar quando eles passavam.

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“Socorro! Socorro!” Aditya gritava, com a voz rachando de cansaço. Ele rasgou uma tira de tecido vermelho de uma camisa velha e a acenou freneticamente para os helicópteros. Ele acenou até seus braços doerem, gritou até sua garganta doer, mas os helicópteros estavam concentrados em outro lugar.

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Ele também começou a se sentir febril. Sua pele queimava, e a umidade intensa da casa inundada o sufocava, dificultando a respiração. O suor escorria por seu rosto, misturando-se com a chuva interminável que continuava a cair em pesados lençóis do céu escuro e tempestuoso.

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Enquanto isso, seu avô estava um pouco melhor. Ele havia encontrado alguns antibióticos em um dos quartos do andar de cima, que eles tomaram na esperança de combater a febre. Aos poucos, o remédio começou a fazer efeito, aliviando os sintomas, mas a situação alimentar deles estava se tornando terrível.

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Havia muito tempo que não tinham mais nada substancial para comer. A enchente havia varrido a maior parte de seus suprimentos, deixando-os com mingau de arroz, um pouco de sal e algumas mangas em conserva. Suas refeições diminuíam a cada dia, mal sendo suficientes para mantê-los vivos.

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A água não parecia estar baixando e não havia sinal de que o exército trouxesse rações ou os resgatasse em breve. Aditya sentou-se frustrado, olhando para seu telefone, tentando carregá-lo novamente usando o dínamo do ventilador de teto. Era uma tentativa desesperada.

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Ele conseguiu uma pequena carga, mas quando o ligou, a rede móvel ainda estava completamente inoperante. Nenhuma chamada, nenhuma mensagem – apenas uma tela em branco. Eles estavam completamente isolados, sem nenhuma maneira de entrar em contato com alguém para pedir ajuda ou atualizações sobre o resgate.

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A ansiedade de Aditya aumentava a cada minuto que passava. O calor, a umidade e a falta de comida o desgastaram, tanto física quanto mentalmente. Ele não conseguia se livrar da sensação de que algo pior estava prestes a acontecer. E então havia a cobra – sua presença era enorme.

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Embora a cobra não tivesse se movido muito, o som de suas batidas ocasionais na água abaixo causou calafrios na espinha de Aditya. Sua mente se acelerou, imaginando a criatura gigante subindo lentamente as escadas, com seu corpo maciço se aproximando a cada respingo.

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Ele sabia que a cobra não poderia se mover para muito longe – seu enorme estômago tornava isso impossível -, mas a ideia de que ela se ergueria da água, com sua enorme cabeça aparecendo no topo da escada, o encheu de uma profunda sensação de pavor. Ele não conseguia tirar os olhos da escada.

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Aditya caiu no chão, sentindo os azulejos frios sob suas pernas enquanto apoiava as costas na parede. As horas se estenderam e, com a casa praticamente vazia de comida, ele se viu obcecado com os mínimos detalhes.

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Cada rangido da casa, cada respingo de água, parecia ecoar mais alto agora que a chuva tinha diminuído um pouco. Sua mente vagava e ele começou a contar coisas – segundos entre as gotas de chuva, o número de pregos nas vigas expostas acima, qualquer coisa para evitar a sensação crescente de desesperança.

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Era como um borrão lento, os minutos se estendendo pelo que pareciam ser dias. De vez em quando, Aditya ficava na janela, olhando para a paisagem inundada, observando como tudo parecia estranhamente imóvel à distância. Foi quando sua casa alagada começou a gemer ao seu redor.

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Ele podia sentir a casa se deslocando sutilmente sob o peso da água. As paredes começaram a apresentar rachaduras e a chuva constante se infiltrou em todos os cantos. Ele sabia que a casa só poderia resistir por algum tempo.

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Com a exaustão o pressionando e o desespero tomando conta dele, Aditya teve uma ideia imprudente. Ele estava muito exausto, com pouca comida e água, e a última coisa de que precisava era uma cobra gigante em sua casa.

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Seu avô não sabia nadar e, se a casa desabasse ou se a cobra se aproximasse, suas chances de sobrevivência cairiam drasticamente. Ele pegou um pedaço de pau no sótão, uma perna de móvel quebrada que eles haviam guardado, e respirou fundo.

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Ele mal conseguia ver a cobra em meio à água turva, mas podia ouvir os respingos ocasionais quando ela se movia. A lembrança do corpo maciço e enrolado da cobra e a misteriosa protuberância em sua barriga o encheram de pavor. Mas a fome e a frustração o haviam levado a um ponto sem volta.

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Com cuidado, ele desceu a escada, segurando o bastão à sua frente, pronto para golpear a cobra se ela se aproximasse. Seu coração batia forte, e cada passo aumentava seu medo. Quando estava perto o suficiente, ele pegou a vara e a enfiou na água, cutucando o local onde achava que o corpo da cobra poderia estar.

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De repente, a água irrompeu com um sibilo. Aditya cambaleou para trás quando a cabeça da cobra veio à tona, com as mandíbulas ligeiramente abertas e os olhos estreitos enquanto ela sibilava um aviso. Seu coração disparou e ele quase perdeu o equilíbrio, recuando rapidamente de volta para as escadas.

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A cobra, claramente descontente, se debateu na água por um momento antes de se acalmar novamente, com a cabeça pouco visível acima da superfície. Aditya se jogou contra a parede, com o coração acelerado, percebendo que qualquer tentativa de mover a criatura seria inútil. Ele teria que esperar, torcendo para que a casa aguentasse até a chegada do exército.

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Seu avô o observava do alto da escada, com uma expressão que misturava medo e resignação. “É melhor deixar como está”, murmurou ele, com a voz quase inaudível por causa do gotejamento constante da água que entrava no cômodo.

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À medida que as horas se arrastavam, a casa continuava a se deteriorar. Pequenos pedaços de gesso começaram a cair do teto, e as vigas de madeira gemiam sob o peso das paredes encharcadas. Aditya olhava constantemente para o avô, e a ideia de que ele não sabia nadar o atormentava. Eles tinham que se segurar; não tinham outra opção.

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Então, quando Aditya estava começando a perder a esperança, ele ouviu o som do motor de um barco. Ele correu para o terraço, agitando o pano vermelho e gritando até ficar com a garganta seca. Um pequeno barco com pessoal do exército o avistou, e o alívio tomou conta de seu corpo. Os soldados ancoraram e o chamaram, avaliando a situação.

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“Estamos aqui! Somos só nós dois!” Aditya gritou. Um dos soldados, um capitão, gritou de volta: “A água começará a ser drenada em breve. Voltaremos para buscar vocês dois. Apenas esperem – só deve levar mais uma ou duas horas” Aditya assentiu, sentindo um pequeno peso sair de seu peito, mas o alívio durou pouco.

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“Tem outra coisa!”, ele gritou de volta. “Há uma cobra na casa. Uma enorme. Ela engoliu alguma coisa e ficou presa embaixo da água.” Os soldados trocaram olhares e seus rostos ficaram sérios. Claramente, isso era mais do que apenas um resgate de rotina agora.

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“Você sabe o que ele engoliu?”, perguntou um dos soldados, com a voz tingida de preocupação. Aditya balançou a cabeça. “Não faço ideia”, respondeu ele. “Mas ele é enorme. Ainda está lá embaixo.” Os soldados voltaram rapidamente ao comando pelo rádio para pedir orientação.

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Depois de mais uma hora de espera ansiosa, a água finalmente começou a escoar. Lenta mas seguramente, a água da enchente que havia enchido a casa deles começou a recuar. Aditya observava do alto da escada enquanto mais do andar térreo ficava visível, revelando a cobra.

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A cobra ainda estava imóvel no canto da sala, com o tronco inchado preso sob as pernas da mesa. Quando o exército voltou, eles estavam prontos. Trouxeram um veterinário e um médico com eles, preparados para qualquer situação que pudessem enfrentar.

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Quando os soldados entraram na casa, aproximaram-se cuidadosamente da cobra, que permanecia presa, com seu corpo enorme mal se movendo. O veterinário avaliou rapidamente a situação, decidindo qual seria o melhor curso de ação. Estava claro que a cobra precisava de ajuda imediata.

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Com mãos firmes, o veterinário sedou a cobra, garantindo que ela não se debatesse durante o procedimento. Quando a cobra estava totalmente inconsciente, o veterinário iniciou o delicado processo de cortar sua barriga inchada para extrair o que estava causando a obstrução.

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Aditya e seu avô ficaram por perto, com o coração batendo forte, enquanto observavam o trabalho do veterinário. Cada momento parecia uma eternidade. O que a cobra havia engolido? Era uma pessoa? Um animal? As possibilidades eram aterrorizantes, cada uma mais horrível que a anterior.

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Depois do que parecia ser uma eternidade, o veterinário finalmente retirou algo do estômago da cobra. Não era um corpo. Não era nem mesmo algo vivo. Era um ursinho de pelúcia enorme, encharcado e encharcado, com seu pelo de pelúcia grudado nas mãos enluvadas do veterinário.

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A visão do brinquedo de pelúcia encharcado foi tão inesperada, tão absurda, que Aditya não pôde deixar de rir. Seu avô soltou uma risada, balançando a cabeça em descrença. A cobra havia confundido o ursinho de pelúcia com comida, provavelmente devido ao tempo em que ele ficou submerso na água.

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A veterinária sorriu enquanto costurava a cobra, explicando que ela provavelmente havia engolido o ursinho de pelúcia pensando que era uma refeição fácil. Felizmente, a operação foi um sucesso e a cobra se recuperaria com o tempo, para o alívio de todos após o caos.

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Aditya, ainda rindo, voltou-se para o avô. “Bem, acho que não precisaremos mais nos preocupar com essa cobra”, disse ele com um sorriso. Seu avô sorriu de volta, pois a tensão que pairava sobre eles há dias finalmente diminuiu com a passagem gradual da tempestade.

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O exército prometeu que voltaria em breve para levá-los para um lugar seguro. Por enquanto, Aditya e seu avô estavam satisfeitos em esperar, sabendo que o pior já havia passado. À medida que o céu clareava, as águas da enchente recuavam, deixando a casa deles destruída, mas ainda de pé.

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A tempestade finalmente havia acabado. A cobra havia sido eliminada, e Aditya sentiu uma sensação de paz tomar conta dele. Ele e seu avô ficaram juntos, observando o sol romper as nuvens pela primeira vez em dias.

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